domingo, 23 de agosto de 2009

E você, já descobriu quem é de verdade?

Eu ainda não. E aceito sugestões. Alguém poderia me explicar porque as pessoas cobram os talentos extras das outras? Por que é preciso ser bom em algo, interferindo ou não na profissão que escolhi. Será que não posso querer ser boa somente na carreira em que sigo, a de jornalista? Pra que preciso me aprofundar e ser a melhor, a especialista, pra poder falar disso, daquilo. Não posso apenas conhecer um pouco de tudo?

Eis a história desde o início, o trauma da infância: Não, eu nunca soube ser boa em nada. Já tentei de tudo, mas os únicos cursos que consegui terminar foram os de computação.
Eu nunca soube nadar direito, gostava mesmo era do passeio de bicicleta até a academia. Quando a bicicleta quebrou, minha vida acabou. Tentei basquete também, mas eu era baixinha, magrela e fracote, grande ajuda ao time. Já fiz pintura em tecidos, nada que tenha me revelado algum talento ou me tornado uma desenhista melhor. Aliás, não sou desenhista, muito menos me tornei melhor. Eu já fiz parte do coral da escola, e também da fanfarra. Posso dizer que sei batucar e cantar em falsete, isso ajuda? Acho que não muito, e posso dizer que não me tornei muito diferente do que eu era. Com certeza, a lista do que eu não sei fazer, é imensamente maior do que os meus interesses durante a vida.
Eu nunca quis dançar ballet, sapatear e nem participar de peças infantis de teatro. Não sei desenhar rostos, nem pés, nem mãos, nem a Maria Rita... nem sei fazer a menina mais esquisita da minha sala parecer a Fiona em uma caricatura. Eu não sei dirigir (ainda) e não gosto de ler anatomia humana. EU NÃO SEI TOCAR VIOLÃO!!! Nem guitarra,violino, flauta-doce, gaita, instrumento algum! Não tenho noção de notas, acordes, canções. Eu não sei lutar jiu jtsu, jamais conseguiria quebrar o braço de alguém, muito menos me defender sozinha. Não sei escrever textos apaixonados, lindamente. Eu não sei fazer mágicas e nem jogar truco. Não sei ser atriz, modelo, cantora, compositora, dançarina. Não sei fazer a primeira voz! Nunca conseguiria participar de uma banda, nem dedilhar o piano e nem fazer música. Nunca fiz capoeira, nem dancei tango, não sou expert em filmes, mas gosto de vê-los, tirar minhas próprias conclusões, sem ter de esperar os créditos pra isso. Não sei cozinhar, e nem me interessar por mulheres, não sei gostar de carne e nem cantar Raul Seixas. Não sei falar japonês, francês, aramaico e nem latim. Enfim, eu não sei nada. Eu não sou nada. E não sei se já posso me orgulhar disso. O que me conforta é saber que há muita vida pela frente. Mas, será que algum dia eu terei algum talento pra qualquer coisa que seja?
Bom, eu entendo inglês parcialmente. Era a minha distração na infância, passar horas lendo o dicionário inglês/ português. Eu sei ouvir músicas boas, gostar de coisas boas, de livros bons, e de coisas antigas. Eu sei pegar DP no primeiro semestre por frequencia. Eu sei fabricar pedras no próprio rim esquerdo, e sei emagrecer como ninguém. Sei malhar e fazer ginástica, e gosto de correr, apesar do porte físico. Eu sei jogar poker, mas não sou boa, confesso. Eu sei fazer amigos e também me desfazer deles com certa facilidade, isso é bom, não é? Enfim, eu acho que sei o suficiente pra tentar fazer o que gosto e o que realmente quero pra mim, que é escrever. Não preciso ser inteiramente interessante em algo, para ser respeitada. Eu sei amar, e ser feliz sendo assim, e isso basta.




*Não vou citar nomes nesta dedicatória, mas com certeza as pessoas mais próximas vão se identificar ao encontrarem seus talentos em meu texto. É, de uma certa forma, uma homenagem, e uma invejinha, bem pequena de vocês.

2 comentários:

Luiza Judice disse...

Ah, que texto bonito! Eu gostei.

E acho que descobrir quem você é vai muito além (ou talvez seja muito mais simples) de meros talentos em atividades.
Dizem que a gente é o que a gente faz ou gosta de fazer, mas isso não implica em fazer bem ;)

Eu, aparentemente, sempre soube fazer um monte de coisa, uma diferente da outra, e relativamente bem.
Sempre fui boa em qualquer esporte, desenho, pintura, instrumentos, línguas.... mas nunca tive a capacidade, coragem e dedicação pra ir até o fim de nenhuma delas. Sou expert em não tentar e não ir além.
Então, o que isso significa?

Sei lá, mas não faz diferença.
Pouco importa se eu ainda não consigo desenhar mulheres(porque as minhas parecem travestis), mãos ou pés (eu tenho dificudlade!)perfeitamente; não faz diferença também se eu não consegui aprender as declinações da língua russa, ou se depois de 6 anos de treino de handball e 8 de natação eu me tornei uma pseudobesa sedentária...

Eu sou como eu me sinto com relação a essas coisas.
E nesse ponto, duvido que você também não é :)

ps.: já falei, mas vou repetir: poste mais, porra!

ps².: eu sei o que você é: uma palhaça vegetariana socorrense.
hahahaha brincadeira.

ps³.: beijo =*

Anônimo disse...

eu concordo com a luiza! ser alguém não é acumular uma enorme quantidade de habilidades. é saber o que fazer com poucas delas, ou uma delas. é saber ser feliz com isso.
eu as vezes quero saber tantas coisas, gostaria de ser expert em tantas coisas tb.talvez eu faça alguma delas algum dia. talvez vc tb.
mas cada um tem um caminho, e sei lá, tem a sua forma de se realizar.
você sabe muito bem ser você mesma, sem complicações, falando suas palhaçadas que eu amo, sabe ser apaixonante sem querer, tá sabendo ser uma jornalista, sabe ser feliz.
o que é seu te espera, e o que não é seu: você admira ou descarta.
te amo muito.